CERVANTES PUBLICA O SEU RELATÓRIO 2025 SOBRE O ESPANHOL NO MUNDO

Bem-vindo ao novo relatório do Cervantes “Espanhol no mundo, 2025” :

Temos sido críticos em relação à edição de 2024 deste relatório. As nossas considerações para 2024 foram totalmente superadas; desta vez, o relatório fornece dados originais e muito interessantes sobre os espanhóis, tanto a nível demográfico como económico, e mantém o foco no aspeto digital e, especialmente, na inteligência artificial. Boa sorte!

Resta uma pequena exceção: infelizmente, Cervantes continua a usar a W3Techs, e os seus dados muito tendenciosos, como fonte de dados linguísticos na Web. Desta vez, menciona-nos numa nota que parece justificar essa escolha:

“Optámos por apresentar as estatísticas da W3Tech porque são obtidas automaticamente a partir de páginas Web consideradas relevantes pelo seu conteúdo e funcionalidade: são excluídos os sítios duplicados, redireccionados ou de subdomínio, bem como os sítios que apenas mostram uma página do servidor, por exemplo. Outras fontes utilizam critérios diferentes para quantificar o peso das línguas na Internet. Assim, o Observatório da Diversidade Linguística e Cultural na Internet (OBDILCI), com sede em Nice (França) e ligado à Organização Internacional da Francofonia e anteriormente à União Latina, indica que 20% das páginas da Internet são em inglês, 19% em chinês e 7,7% em espanhol. Mas, ao mesmo tempo, o OBDILCI propôs um Índice de Ciberglobalização (CGI) que inclui como factores o número de falantes das línguas, o número de países onde são faladas e o número de falantes ligados à Internet. Este índice complexo quantifica o inglês com 14,13% da ciberglobalização mundial, o francês com 9,55% e o espanhol com 2,09% (OBDILCI, 2024). Os números relativos aos falantes são retirados do Ethnologue e de outras fontes, com um intervalo de confiança de 20%.

Alguns elementos devem ser rectificados ou clarificados:

– A W3techs não oferece dados para páginas Web, mas sim para sítios Web, e a diferença não é um pormenor. Para ser mais preciso, a W3Techs identifica como língua do sítio a língua principal detectada na página inicial.

Estes dois elementos, sendo o segundo o mais marcante, explicam os desvios significativos destes dados. Na realidade, o valor da W3Techs para o inglês é a percentagem de sítios Web que têm o inglês como uma das opções linguísticas e, para as outras línguas, a percentagem de sítios Web nessa língua que não têm o inglês como opção linguística. O leitor interessado em dados mais sólidos pode consultar o documento apresentado na reunião LT4ALL2025 da UNESCO, que inventariou todos os estudos existentes e analisou os respectivos enviesamentos, chegando à conclusão de que a percentagem de páginas em inglês se deve situar entre 20% e 27%, menos de metade do valor do W3Techs:

Estes dois elementos, o segundo dos quais é o mais marcante, explicam os desvios significativos destes dados. Na realidade, o valor da W3Techs para o inglês é a percentagem de sítios Web que têm o inglês como uma das opções linguísticas e, para as outras línguas, a percentagem de sítios Web nessa língua que não têm o inglês como opção linguística. O leitor interessado em dados mais sólidos pode consultar o documento apresentado na reunião LT4ALL2025 da UNESCO, que inventariou todos os estudos existentes e analisou os respectivos enviesamentos, chegando à conclusão de que a percentagem de páginas em inglês se deve situar entre 20% e 27%, menos de metade do valor do W3Techs: Inventory and comparisons of all methods for the measure of languages online and implications on Internet’s lingua francaLT4ALL2025, Paris-UNESCO, February 24-26, 2025 – Video (English  -10mn), Vidéo (Français – 10mn), PPT

– OBDILCI não está “ligado à Organização Internacional da Francofonia”. É verdade que a maior parte dos nossos apoios históricos vieram da parte francófona, mas também recebemos apoios significativos do mundo lusófono, e outros da UNESCO e da Organização dos Estados Ibero-Americanos (ver https://obdilci.org/sobrenos/apoio/). Em todo o caso, somos uma organização da sociedade civil independente das entidades que financiam os projectos.

– O índice de ciberglobalização é um indicador que visa medir as vantagens a longo prazo das línguas no mundo digital, e não a percentagem de páginas em cada língua, não havendo qualquer contradição entre os dois indicadores.